Seguramente Disrtante

Outro dia desses eu senti o que é a distância.

Não sei como é ficar longe, não sei como é se sentir sozinho, não mesmo.

Aliás, outro dia desses eu liguei pro Lulu Santos, querendo saber como é ter dor de cotovelo.

- Alô, posso falar com o Sr. Luís Maurício?
- É ele. Quem fala?
- Opa, falae Lulu, tudo certo? É o Ággelos!
- Rapaz, quanto tempo, hein? Que que você anda fazendo?
- Quase nada, estou de férias agora.
- Mas então, que que você manda?
- Preciso tirar uma dúvida... Como é se sentir seguramente disrtante?
- Ih rapaz... Você não ouve minhas composições?
- Quase nunca, você sabe como eu odeio suas músicas.
- Ê, per...
- Então, você sempre foi assim ou começou depois que fez músicas para novelinhas das 6?
- Desde a época do Cave Man, meu bom Ággelos, desde aquela época.
- Mas o Veludo Elétrico já não trazia o mesmo tema.
- Olha só, veja bem, já até fui acusado por causa disso. O Veludo possuía inúmeras mensagens subliminares sobre garotas que eu namorei. Aliás, uma delas entendeu que Golias de Prata era uma referência a ela, um absurdo.
- Perfeitamente. Dor de cotovelo então é isso, é falar sem ninguém perceber mas sempre falando e deixando claro o que sente?
- Isso mesmo, aliás, Ággelos, outro dia desses a Rosea...

Desliguei o telefone. Não suporto homem com barba na cara choramingando. Já me dizia minha avó: Homem que é homem não chora.

*Ággelos, você tá chorando?*
"Não né, claro que não, né, não, pô, tá me zuando, não, não, eu não tô, é que..."
*Certo.*
*Alô, Maurício? Liga pra cá que o Ággelos quer falar com você.*

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